O indivíduo
Tentativas literárias
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Vazio
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Colônia
Nasceu em Campos, estado do Rio, filho de Libaneses que se perderam a caminho de Foz do Iguaçu. Migrou para Rondônia no inicio dos anos 80 levado pela promessa militar de expansão do norte. Lá, entre cabruncas com plantações de milho, amendoim, feijão, mandioca... Casou com uma nativa, linda índia com medidas perfeitas e inocência inebriante.
Hoje mora no Rio Grande do Norte, com o filho, belo exemplar da mistura inusitada de raças casado com uma mineira, herdeira rica de um cafezal que a vista perde. Construíram uma pousada, na beira mar em São José do Gostoso. Gasta a maior parte do seu tempo sentado na varanda do seu quarto, olhando o mar e tentando saber em qual direção ficam as famosas plantações de Cedros das terras de seus pais.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Rima
E entre eles havia um em especial, um tipo indiano que cumpria a função de garçom durante as tardes, já que as manhãs eram gastas no sono depois de passar as noites servindo as damas solitárias ou os rapazes curiosos em descobrir os prazeres que a mesma carne pode lhes proporcionar. Chamavam-no, os outros, de Rima; talvez por conta da forma especial que pronunciava os "rs": "senhorrrr, precisa de algo mais, senhorrr?". Os outros todos não me atraiam a atenção, eram demasiado comuns, e nas suas organizadas vestimentas, palavras polidas e sentimentos puros, desapareciam entre si.
Rima destoa. Sujo, cutuca o ouvido com o mesmo palito usado para tirar as sobras do almoço de entre os dentes, depois o lança ao chão e cospe de lado, na calçada, enquanto admira os cartazes de filmes pornôs do Cine Ideal. Fala sem mínimo de consciência - como se vomitasse as palavras. Como se elas não passassem pelo cérebro antes de vir a publico.
Eu o observava todas as tardes e noites, exceto quando meu oficio de amolador de tesouras me tomava à atenção. A propósito, permita apresentar-me, Arlindo Maria, seu criado. Datilografo de formação, amolador por necessidade. Nascido poeta de rua como meu pai, morto "de nada" aos 99. Com ele aprendi duas coisas: primeiro, o poeta de rua precisar ter o dom da observação, o dom de "saber-enxergar-os-outros"; segundo, conseqüência natural do primeiro: não pode sair da rua. Por isso eu viajo e observo, escrevendo e amolando.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Seco
Mas era um bom homem, honesto e justo, tanto quanto pode ser um homem. Especialmente naquela terra, onde pela palavra se morre e o contrário.
Era filho de lavradores de terra alheia, ocupação principal, contudo ajudavam na casa sede, faziam mandados na cidade, e outras atividades menos declarantes.
O pai era próximo do Dono, se fartavam juntos de mulheres e cachaça.
A mãe nem sabia que sofria.
Ele e os irmãos, não se lembra quantos, foram criados no "te-vira", ou no "como-deus-quer", dependendo de quem perguntava.
De resto, o chão seco, os galhos secos, a boca seca, só os olhos, de quando em quando, vertiam alguma água.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Atropelo
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
"Cabamacho"
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Aventurança.
Mãe, ex-prostituta e cozinheira de puteiro, morta no parto; pai, desconhecido. Levado para um orfanato em um terreiro de umbanda - promessa feita pela mãe de santo: cuidar de 99 crianças abandonadas. Ela mesma, a mãe de santo, uma morena reboculosa casada com um italiano do sul, que batizou a criança: Pio.
Cresceu, se criou, virou escrivão da policia civil. Bebia pouco, comia pouco, pensava pouco. Um dia foi encontrado pendurado pelo pescoço na viga que sustentava o teto do seu quarto. Quem o encontrou, ainda com o corpo estrebuchando, foi a diarista, Dona Esperança, que naquele dia chegara tarde.